sábado, 10 de janeiro de 2009

cores - arte moderna - áfrica



fonte: http://www.artafrica.info/html

nomes - antónio cardoso - angola

A rosa imaginária...

É preciso que fique escrito
antes que a tua baba peçonhenta
nos corrompa a palavra
de ti, só se ouvirá no fim da noite
o ranger de dentes
que teu ódio acalenta
inútil e partido!

Sabes Velho Histérico
o que é Ter 29 anos, e sol
e vida?!

Acordar todas as manhãs
com a rosa imaginária
que não dou ao meu amor??

Sabes Velho Histérico
o que é Ter 29 anos, e sol
e vida?
nessa catacumba
de esqueletos onde moras?!

Sabes Velho Histérico
onde está o ventre de mundo
que seria um dia, o meu?!
Aonde está a criança
que não nasceu
nesse ventre de mundo
que seria, um dia, o meu??

Berra Velho Histérico
ainda
a tua ordem
enquanto não chega o vento!

Berra Velho Histérico
na rádio e no jornal
ainda
a tua ordem
enquanto montado no vento
não chega o fim da noite!

... e a rosa imaginária
que vou dar ao meu amor...

Panfleto (poético)


Poeta angolano, preso pela PIDE (polícia portuguesa) em 1959 e de novo em 1961, só sendo libertado a 1 de maio de 1974, depois de ter passado cerca de três anos em cadeias de Luanda e aproximadamente dez no Campo de Concentração do Tarrafal, fato que marcou muito a sua obra. Após a independência, exerceu funções superiores na Rádio Nacional e na Secretaria de Estado da Cultura.

fonte: http://betogomes.sites.uol.com.br/AntonioCardoso.htm#BIOGRAFIA